Mediação cultural

Infoeducação e mediação cultural na comunidade quilombola de Cambury: diálogo entre sujeitos e saberes

 

by Edison Luís dos Santos[1]

Resumo do projeto

Estudo do processo de apropriação social de informação em comunidades quilombolas de SP, com base em Programa de Infoeducação desenvolvido pelo grupo Colabori-USP. Busca-se implementá-lo na Associação de Moradores Quilombolas de Camburi (Ubatuba-SP), a fim de suprir a demanda por aptidão cognitiva na produção e uso de Dispositivos de Informação e Comunicação, e fortalecer o protagonismo cultural dos sujeitos do saber.

1. Introdução

Políticas culturais que visam ampliar o acesso à cultura e zerar o índice de municípios sem bibliotecas, disponibilizando livros e outros dispositivos às populações de baixa renda em nome da “inclusão social”, têm sido pouco eficazes no combate ao analfabetismo em geral: atualmente, vivemos um processo de apartheid cultural sem precedentes na história, caracterizado pela marginalização em relação aos bens culturais, inaptidão para a busca significativa de informação, lacunas que inibem a apropriação do saber.[2] Um número significativo de brasileiros não sabe ou não aprendeu a se informar, outros tantos apresentam pouca proficiência em leitura, não compreendem o que lêem, têm dificuldade em interpretar textos e de posicionar-se criticamente frente ao que lêem.

O analfabetismo funcional e o analfabetismo informacional são obstáculos à formação de sujeitos do saber autônomos e críticos que necessitam apropriar-se do conhecimento a fim de exercer a cidadania plena e construir novos saberes. O modelo convencional de ensino no Brasil tem sido a mais pródiga fábrica de medíocres em informação.

Dados à estampa, são baixos os índices de rendimento e as deficiências de aprendizado, traduzidos em apatia social e total “perda de interesse”.

Com efeito, a falta de aptidão cognitiva é o maior obstáculo para que as pessoas possam apropriar-se de novos conhecimentos. O universo abundante de informações, facilitado pelo maior acesso a instrumentos, ferramentas e novas tecnologias informacionais, não implica a apropriação automática de novos códigos e valores socioculturais: “nos novos tempos, informar-se e informar mudaram de natureza e de estatuto sociocultural. Já não são mais atos simples, aprendidos apenas informalmente no cotidiano. Antes, são atos cognitivos cada vez mais complexos, implicando saberes e fazeres que necessitam ser aprendidos de modo sistemático, orgânico e contínuo, como condição de participação afirmativa na vida cultural de nosso tempo”. (PERROTTI, 2008: 7).

Diante deste cenário desafiador, como diagnosticar e avaliar o impacto de políticas públicas de inclusão social em comunidades tradicionais quilombolas, onde o acesso aos Dispositivos de Informação e Comunicação (DIC) é escasso, sobretudo nos rincões onde não há luz elétrica, nem escolas, nem bibliotecas, nem hospitais? Qual deve ser o papel dos Dispositivos Dialógicos de Informação e Comunicação (DDIC) nos processos de apropriação social da informação e na construção de novos saberes? E de que modo tais dispositivos podem ampliar, significativamente, a “inteligência coletiva” e o protagonismo cultural dos sujeitos do saber?

A relevância social deste projeto de pesquisa consiste em desenvolver metodologia e ferramenta inovadoras de análise, pesquisa, diagnóstico e avaliação de DICs com possibilidades de monitoramento das particularidades distintivas de dispositivos infoeducacionais em comunidades quilombolas do Estado de São Paulo. A estratégia de pesquisa pretende focalizar o Programa Arca das Letras, tendo como ponto de partida a elaboração de indicadores que apontem conflitos, deficiências e resistências no processo de apropriação social da informação, a fim de oferecer soluções e melhorias às comunidades.

A pertinência e adequação do projeto se assentam no processo de experimentação e inovação por meio de diálogo entre conceitos como tecnologia social, ordem informacional, infoeducação e uso significativo de Dispositivos Dialógicos de Informação e Comunicação. Busca, assim, ampliar a participação ativa e favorecer o empoderamento dos atores sociais, fortalecendo o protagonismo sociocultural nas comunidades quilombolas.

Trata-se de uma proposta alternativa aos modelos convencionais edificados sob o paradigma vertical da ordem informacional monológica. Nesse processo de inovação na área de Ciência da Informação, valorizar-se-á a pesquisa científica como artesanato (CALLON, 2004: 64-79) e a busca por modelos estratégicos de ação voluntária e coletiva que possam ser traduzidos em políticas públicas permanentes (ex.: pedagogia cultural da infoeducação), a fim de responder às necessidades e desejos simbólicos dos próprios sujeitos do saber.

Por fim, a missão maiúscula deste projeto de pesquisa será a implantação de Programa de Infoeducação na comunidade quilombola de Camburi, Ubatuba-SP.

2. Objeto (assunto, problema e justificativa)

Na contemporaneidade, são inegáveis as transformações operadas pelas ciências e tecnologias de informação e de comunicação (TICs). Tal presença crescente afeta as mais diversas esferas do conhecimento e da vida e tem propiciado novas formas de cognição, de interação, de ação social, de ativismo político, de geração e difusão do conhecimento. Sem nos darmos conta, as novas tecnologias alteram as estruturas de nossos interesses; florestas de símbolos e processos relacionais reconfiguram nossa visão de mundo. Neste movimento de rendição da cultura à supremacia da tecnologia, são drenados simultaneamente nossos valores e nossos sistemas simbólicos tradicionais.

Todavia, por detrás dos aparatos tecnológicos que se impõem à vida coletiva, há processos de ocultamento, diferenciações sociais, hierarquias, relações e seleções arbitrárias (ALMEIDA, 2009: 11), a exemplo da propagação de certa ideologia da “universalização do ciberespaço”, de “tornar acessível esse conhecimento superespecializado” em uma “sociedade democrática do conhecimento”. A plástica desse movimento consistiria em simplesmente criar canais que possibilitem ao público leigo a integração do conhecimento científico à sua cultura.

O maior problema, contudo, reside nas questões: como realizar projetos de inclusão social e digital, sem que haja aprofundamento sobre o papel da mediação cultural no processo de apropriação social do conhecimento? Como superar a lacuna cognitiva típica de dispositivos monológicos de informação? Não basta dispor de recursos materiais para participar do modelo: há demanda por aptidão cognitiva às novas tecnologias, mas a falta dessa aptidão cognitiva é o grande obstáculo para que pessoas possam apropriar-se de novos conhecimentos e novos saberes. Não basta simplesmente ter acesso à informação, ao computador e aos livros. Faz-se necessário desenvolver o potencial criativo e intelectual dos indivíduos: educar, entreter, dar sentido às ações de homens e mulheres no cotidiano, tornando públicas as proposições políticas e decisões que, tomadas na esfera do Estado, costumam ter reflexos diretos sobre a qualidade de vida das populações.

No Brasil é comum a adoção, quase sempre sem discussão, das práticas de política cultural vicariante, que além de serem inertes e estáticas, existem principalmente para “suprir a insuficiência funcional”. (COELHO, 1986: 35) Tais práticas operam como próteses aplicadas em doses de mandato, regidas de modo demagógico, como uma espécie de reforço ao condolente e carcomido sistema educacional; perpetuam, grosso modo, a transmissão de conteúdos pouco significativos, a ocupar o “tempo livre” dos desocupados e não resolvem o problema do analfabetismo funcional e digital.

Em se tratando de políticas públicas de interesse social, trata-se de visão pouco estratégica, mas predominante em programas de governo, tais como “Arca das Letras” [3] e “Computador Para Todos”,[4] cujo arcabouço teórico-prático parece se revelar incapaz de lidar com a lacuna cognitiva que separa os incluído(a)s dos excluído(a)s. Conforme exclusivamente previsto no conceito de “ciberalfabetização em massa”, tais programas que visam à “inclusão” parecem-nos limitados — seja por via da facilitação do crédito pessoal para a aquisição de “equipamentos populares”, seja por via da ampliação do acesso a um punhado de livros ordenados no Dispositivo de Informação e Comunicação Arca das Letras. Além disso, há outros processos de ocultamento que se traduzem pelo esfumaçamento dos parâmetros de tempo e espaço: a negação aos direitos de existência, de permanência e preservação da memória, principalmente quanto às particularidades socioculturais das populações tradicionais: o respeito, proteção e promoção da diversidade de suas expressões culturais.[5]

Movidos por esta suspeita inicial, visamos com este projeto de pesquisa avaliar em que medida os dispositivos contribuem para atenuar o impacto da brecha sociodigital: de que modo os DICs são ordenados? Sua ordem informacional contribui para a efetiva participação social e o aprendizado ao longo da vida? São modelos de intervenção linear (um só modus operandi) ou desenvolvem, de fato, a capacidade pessoal dos usuários de fazer uso dos equipamentos e livros, envolvendo-os em práticas sociais significativas? Estão respondendo às expectativas plurais das comunidades quilombolas e de suas especificidades locais?

Nessa perspectiva, seria impossível conceber qualquer sociedade sem atenção ao trabalho de mediação cultural posto em cena pelos Dispositivos de Informação e Comunicação (DIC). Tratar-se-ia de perscrutar o enredamento que os articulam com os sujeitos dos saber, o modo como permeiam a psicoesfera da vida cotidiana, passando pelas ressonâncias em termos das novas sociabilidades e competências que favorecem, e ainda problematizando a dissolução de fronteiras que este enredamento produz em nós mesmos. (PEDRO, 2008: 1-2) Uma “sociedade de saberes” não se faz sem questionamentos sobre a lógica estrutural que perpassa os modos de implantação (manipulação) dos DICs.

A fim de responder a esta demanda informacional, adotamos neste projeto de pesquisa científica o conceito de inovação estratégica que se fundamenta no savoir-faire, nos saberes práticos e experimentais capazes de estimular o gosto pela ação voluntária e o engajamento coletivo no processo de produção e uso do conhecimento. A inovação estratégica “não destrói a tradição, pelo contrário, ela se nutre dela e se enriquece com ela”: existem margens de manobra na competição econômica, na produção dos conhecimentos científicos e na produção de inovações que podem preservar e até enriquecer a identidade das tradições. (CALLON, 2004: 64)

3. Quadro teórico de referência

 

A imposição de códigos socioculturais faz parte dos arranjos de sistemas simbólicos, que se expressam em novas relações de poder, tendo o domínio do saber, do conhecimento e da informação, como um novo e poderoso instrumento político. A apropriação e/ou privação desses códigos denuncia sua dimensão antagônica, ou seja, a existência de uma operação “subterrânea” de expropriação do saber. A esse processo denomina-se expropriação simbólica, categoria de análise que põe em evidência as complexas relações da linguagem com o saber e o não poder saber. No universo da cultura, a expropriação cultural é uma forma de poder e de imposição cultural que consiste na “perda de controle sobre os recursos e as decisões culturais próprios. Implica, em grau de menor intensidade, a eliminação cultural ou proibição de exercer certos âmbitos da cultura própria. No começo do século XX a batucada (dos negros) era proibida pela polícia. Sua consequência imediata e necessária é a imposição cultural: introdução, pela força, numa determinada cultura, de elementos culturais alheios”. (COELHO, 2004: 173)

A deculturação jesuíta,[6] operada no Brasil ao longo dos séculos XV e XVI estabeleceu uma forma de expropriação cultural das comunidades tradicionais (colonização e escravidão de índios e negros), paralelamente à apropriação da natureza de forma mais intensa: exploração de riquezas naturais em larga escala (madeiras, peles, metais preciosos etc.), áreas de cultivo e engenhos de cana-de-açúcar, núcleos urbanos e ampliação das vias de transporte etc. Tudo isso se processou a revelia dos expropriados que, sem saber e, mormente, por não poder saber, seriam excluídos não só de sua terra, mas também da História. Nessas missões para “salvar as gentes”, os jesuítas não visavam à busca investigativa a partir de novas descobertas epistemológicas, mas uma ampla campanha de cunho militar e disciplinada para a expansão da fé. A “visão do paraíso” terrestre, da gente que deveria ser salva por força do cristianismo,[7] faz parte do mito fundador que serviu para caracterizar a identidade do “outro” com imagens que reproduzem uma noção aproximada do bom selvagem, na medida em que “o primeiro elemento da construção mítica o lança e o conserva no reino da Natureza, deixando-o FORA do mundo da História”. (CHAUI, 2004: 63) Tal percepção da realidade do “outro”, de uma visão mítica do mundo, foi remodelada para justificar a escravidão.

Como forma de uniformização de hábitos culturais e de controle do pensamento, cumpre suspeitar do novo processo civilizatório representado hoje pelo surgimento da “aldeia global da informação”, pois toda ordem social domesticadora mantém-se por meio da falsificação, não da realidade, mas da consciência da realidade: “Não sendo possível às classes dominantes matar ou fazer desaparecer a capacidade de pensar dos homens, mitificam a realidade, condicionando-lhes um pensar falso sobre si e sobre o mundo”. (FREIRE, 1977: 101) Programas verticais com visão salvítiva costumam ocultar interesses, disfarçados de certa ideologia da “universalização do ciberespaço”, de “tornar acessível esse conhecimento superespecializado” em uma “sociedade democrática do conhecimento”.

Na era global, o uso crescente de diferentes tecnologias, aliado às inovações dos meios-técnico-científico-informacionais, produz e reproduz outro tipo perverso de exclusão, a sociodigital, caracterizada pela marginalização em relação ao savoir-faire, inaptidão para a busca significativa de informação: tal lacuna cognitiva inibe a apropriação do saber, impossibilita aceder ao conhecimento, de fato. Essa população estaria sumariamente excluída do uso de tecnologias, dividida em duas categorias: os “ricos em informação” e os “pobres em informação”, compondo um abismo insuperável.

A globalização é um “novo ciclo de expansão do capitalismo” em que tudo se move (coisas, gentes e ideais) em função do capital transnacional, ultrapassando as “fronteiras geográficas, históricas e culturais” e produzindo desigualdades, a exemplo do que já acontece no Brasil, palco de cidadanias mutiladas. Aqui, os direitos fundamentais tais como casa, trabalho, educação, bibliotecas, livros, informações e outros capitais culturais são inadvertidamente desrespeitados: “Cidadania mutilada no trabalho, através das oportunidades de ingresso negadas. Cidadania mutilada na remuneração, melhor para uns do que para outros. Cidadania mutilada nas oportunidades de promoção. Cidadania mutilada também na localização dos homens, na sua moradia. Cidadania mutilada na circulação. Esse famoso direito de ir e devir, que alguns nem imaginam existir, mas que na realidade é tolhido para uma parte significativa da população. Cidadania mutilada na educação…”.[8]

Desse modo, agrava-se a crise de legitimidade e de pertinência por força da velocidade das transformações: reestruturação produtiva, intensificação da comunicação eletrônica e da automação, desaparecimento do mundo agrário, mudanças significativas no papel do Estado, da sociedade civil, das instituições e das identidades sociais, em especial, as comunidades tradicionais quilombolas.[9] As identidades perdem o sentido e não se definem mais por essências a-históricas. Configuram-se no consumo, dependem daquilo que se possui, ou daquilo que se pode chegar a possuir. As transformações constantes nas tecnologias de produção, no desenho de objetos, na comunicação mais extensiva ou intensiva entre sociedades — e do que isto gera na ampliação de desejos e expectativas — tornam instáveis as identidades fixadas em repertórios de bens exclusivos de uma comunidade étnica ou nacional. (CANCLINI, 2001: 39)

Novas sociabilidades, novos valores e padrões culturais surgem e são assimilados transnacionalmente com espantosa velocidade, configurando o que David Harvey chamou de “compressão tempo-espaço” e que significou uma grande reacomodação societária, onde o indivíduo não é mais o centro exclusivo dos processos de significação do mundo. Doravante, tais processos são compartilhados com os objetos, artefatos, técnicas, ferramentas e tecnologias, o que justifica a relevância deste projeto de pesquisa que busca repensar – à luz das dimensões significativas das tecnologias sociais – de que modo os DICs[10] podem contribuir na formação da identidade dos sujeitos, dotando-os de maior autonomia.

Em nosso referencial teórico, entendemos que as tecnologias sociais atuam como dispositivos informacionais significativos que redefinem os modos de ser e de agir, na medida em que igualmente interferem no processo de apropriação dos novos códigos sociais, remodelando valores culturais e simbólicos.[11] O conceito de tecnologia social é resultado de um processo histórico de algumas décadas e envolve atores sociais de diversos campos de atuação;[12] de acordo com a pesquisa Mapeamento Nacional de Tecnologias Sociais Produzidas e/ou Utilizadas por ONGs, foram identificadas várias ações bem-sucedidas em curso no Brasil nas áreas de desenvolvimento local participativo e sustentável, economia solidária, educação, agricultura familiar, envolvendo amplo conjunto de atores.[13]

No plano simbólico, atuando como signos, os dispositivos exercem papel fundamental na interação do homem com os processos dinâmicos de aprendizagem; remodelam a leitura de mundo dos sujeitos que dele participam. O seu conteúdo significativo assenta-se nesta possibilidade de os sujeitos se relacionarem com artefatos e técnicas e, no processo de sua construção, alterar as concepções que mantêm com o saber, com a cultura, e consigo mesmo. A materialização do sentido se dá no fazer prático (savoir-faire) por meio do qual sujeitos do saber experimentam novos modos de ser e de agir, aprendendo a conhecer e fazer. Portanto, o universo abundante de informações, facilitado por maior acesso aos artefatos, ferramentas e tecnologias informacionais, não implica a apropriação automática de novos códigos e valores socioculturais.

O presente projeto de pesquisa insere-se no quadro de pesquisas existentes que se ocupam em analisar o processo de apropriação social da informação, o modo de operação e construção dos esquemas cognitivos e sistemas de pensamento; a ordem informacional dos dispositivos no processo de aprender a informar e aprender a se informar, bem como o papel da linguagem e seus respectivos sistemas de representação, no processo de aprendizagem informacional. Os modos de pensar e agir na contemporaneidade requerem uma política pública infoeducacional[14] que atenda aos interesses específicos de comunidades tradicionais quilombolas: novos processos de aprendizagem e experimentação do saber por parte dos sujeitos do conhecimento, para que se apropriem dos significados; ações pedagógicas alternativas que valorizassem o protagonismo dos sujeitos para que sejam capazes de transformar, autonomamente, os produtos de sua criação em bens simbólicos; condições de transformar as informações em novos saberes; condições de aprender, produzir e construir novos significados, tornando mais interessante a aventura de conhecer o mundo.[15] Noutras palavras: para que possam reinventar o próprio cotidiano.

 

4. Objetivos

4.1. Geral

  • Estudo do processo de apropriação social da informação em comunidades tradicionais quilombolas do Estado de São Paulo.

4.2. Específicos

  • Estudar o processo de apropriação social da informação em comunidades quilombolas do Estado de São Paulo;
  • Produzir programa específico de infoeducação em permanente diálogo e negociação com os quilombolas e implementá-lo na comunidade quilombola de Camburi, Ubatuba-SP.
  • Experimentar novas formas de uso significativo e alternativo de Dispositivos Dialógicos de Informação e Comunicação (DDIC) que favoreçam o empoderamento e o protagonismo sociocultural de comunidades quilombolas;
  • Propor adoção de políticas públicas pautadas na pedagogia cultural da infoeducação como alternativa de uso e apropriação social do conhecimento, a fim de responder às necessidades e desejos simbólicos diagnosticados pelos próprios sujeitos do saber.

5. Procedimentos metodológicos

Os principais momentos deste projeto de pesquisa científica com principais etapas da estratégia metodológica são os seguintes:

a) Pesquisa teórica e bibliográfica sobre Dispositivos de Informação e Comunicação;

b) Investigação empírica sobre as dimensões significativas de DICs;

c) Estudo dos saberes tradicionais quilombolas: dimensões significativas;

c) Desenho e construção de diálogos: estratégia metodológica;

d) Implementação de Programa de Infoeducação na comunidade quilombola de Camburi, Ubatuba-SP (região sudeste, Vale do Paraíba – ver mapas).

Camburi, Ubatuba-SP
Camburi, Ubatuba-SP

A estratégia técnica da metodologia busca estudar dimensões significativas de Dispositivos de Informação e Comunicação, adequados à realidade sociocultural, ambiental e econômica de comunidades quilombolas no Estado de São Paulo, levando em consideração o conjunto de características significativas de DICs, entorno, peculiaridades, participação, deficiências etc.

O passo importante dessa construção metodológica será a implantação de Programa de Infoeducação com Dispositivos Dialógicos de Informação e Comunicação (DDIC), dinâmicos e adequados às características locais da comunidade quilombola de Camburi, Ubatuba-SP.

O sucesso do Programa de Infoeducação dependerá do diálogo e das negociações junto aos quilombolas, bem como das transformações e sugestões feitas por todos os atores sociais que se apropriarão dos DICs. Pretende liberar as iniciativas coletivas, dando maior espaço aos sujeitos do saber, a fim de suscitar reações de todo tipo, engajamento, resistência, crítica, diálogo e negociação.

 

6. Considerações finais

O avanço do globalismo, movido principalmente pela tirania do mercado e a lógica global dos atores dominantes, produz crescente artificialização do meio ambiente e impõe, deliberadamente, por intermédio de seus dispositivos técnico-científico-informacionais, modos culturais que reduzem o universo da psicoesfera cotidiana; modificam as formas de sociabilidade e condicionam a maioria dos indivíduos às regras viciadas do consumo e das “marcas registradas”.

O advento de uma nova cultura informacional exige a atualização contínua de soluções para as necessidades dinâmicas da coletividade. Historicamente, em função da expropriação sociocultural vigente no país desde a sua fundação, boa parcela da população se manteve marginalizada dos benefícios da educação, cultura, ciência e tecnologia. Nesse contingente, privadas de apropriar-se cognitivamente dos instrumentos de produção do conhecimento, encontram-se as comunidades tradicionais quilombolas que não se contentam em ocupar o lugar de “público-alvo” de certos programas e projetos sazonais (do governo, de empresas, Ongs etc.), mas que desejam participar das decisões, como sujeitos de transformação. E, por isso, lutam por tal reconhecimento. Neste processo, a participação cidadã, a apropriação e a partilha de conhecimentos entre os envolvidos, o respeito às culturas locais e aos saberes populares, se tornam mais do que elementos de um discurso. São valores, sem os quais não se pode assegurar qualquer compromisso com um projeto de mudança que gere desenvolvimento com inclusão, solidariedade, justiça social e sustentabilidade.

Busca-se aqui ressaltar a contribuição de novos atores e protagonistas como produtores de conhecimento que se articulam pela abertura do “fazer ciência” ao cidadão. Além de ferramenta para alcançar conquistas materiais, o conhecimento é também fonte de realização e felicidade para o ser humano, quando este passa a se entender como matriz de ação inteligente, construtor de soluções que podem melhorar sua condição de vida.

Para tanto, será preciso apostar na criação de dispositivos que superem o mero processo de assimilação de informações, a fim de reverter o quadro de apatia sociocultural no Brasil: um novo modo de pensar e agir, com formas de experimentação do saber que fomentem a iniciativa, a criatividade, a autonomia, a dúvida e a independência intelectual dos sujeitos para que sejam protagonistas de sua própria história…

Notas


[1] Bacharel em Linguística (FFLCH-USP, 2003); bacharel em Biblioteconomia e Documentação (ECA-USP, 2009); mestrando no programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (ECA-USP); profissional da informação, revisor de textos e consultor técnico no Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil). Lattes: http://lattes.cnpq.br/1466829437115861.

[2] Dados recentes do IBGE revelam resultados preocupantes relativos ao acesso à cultura: apenas 13% dos brasileiros frequentam o cinema ao menos uma vez por ano; 92% dos brasileiros nunca foram ao museu; 93,4% jamais frequentaram alguma exposição de arte; mais de 90% dos municípios não possuem salas de cinema, teatro ou museu; 73% dos livros vendidos no Brasil estão concentrados nas mãos de 16% da população e apenas 20% dos brasileiros têm acesso a alguma dimensão da cultura. A situação da educação no Estado de São Paulo, “locomotiva da economia nacional”, não é diferente, mas preocupante: são vexatórias as taxas de analfabetismo funcional; nos últimos exames do ENEM realizados pelo MEC/INEP, a maioria das escolas públicas registrou desempenho abaixo dos 50 pontos e 41% dos alunos que ingressam no ensino fundamental não concluem a 8ª série.

[3] Segundo dados de dezembro de 2009, o Programa Arca das Letras implantou, desde 2003, 7.049 bibliotecas e formou quase 15 mil agentes de leitura, voluntários que emprestam os livros e incentivam a leitura em mais de 1.900 municípios, atuando especificamente em suas comunidades. Os resultados também se expressam na circulação de mais de 2 milhões de livros nas casas de 800 mil famílias do meio rural brasileiro. (SOARES & CARNEIRO, 2010: 20)

[4] O Programa Computador Para Todos desencadeado pelo governo brasileiro em 2005 é um exemplo populista híbrido das duas alternativas. O projeto, que no fundo se destina a alargar as margens de informatização e ciberespacialização das residências, corporações e demais organizações no território nacional, prevê vendas de equipamentos com sistema operacional de “código aberto” (Linux, versão portuguesa, com 27 aplicativos) ao preço final à vista de R$1.255,00 ou em 25 parcelas(!) de R$69,90, alcançando o total de R$1.747,00. (TRIVINHO, 2006: 99)

[5] Saberes (modos de fazer, cotidiano e uso sustentável de recursos naturais); celebrações (manifestações culturais, rituais, festas, danças, vivência coletiva do trabalho, lazer e outras práticas da vida social); formas de expressão (manifestações literárias e artísticas, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas); lugares (espaços de práticas culturais coletivas, roçado, praia, mercados, feiras, praças) e conflitos (legislação ambiental, turismo, especulação imobiliária e favelização do litoral).

[6] Preocupados com a dilatação da fé, e ao mesmo tempo para fugir do rígido controle da aristocracia clerical, cujo poder monolítico sofria críticas e passava por reformulações na velha Europa, os jesuítas se empenharam em implantar o Reino de Deus entre os gentios ignaros, organizando um exército apostólico ao modo das Cruzadas para “libertar do ‘pecado’ as populações do Novo Mundo… eliminando os traços culturais desses povos que de uma forma ou de outra não passavam pelo crivo português e católico da época”. (MILANESI, 2003: 80-81).

[7] “O surgimento do cristianismo produz um efeito inesperado sobre a concepção da história […] introduz a ideia de que a história segue um plano e possui uma finalidade que não foram determinados apenas pela vontade dos homens”. (ChauI, 2004: 57-66).

[8] SANTOS, Milton. As cidadanias mutiladas. Disponível em www.dhnet.org.br.

[9] Comunidades quilombolas são grupos com identidade cultural própria e se formaram por meio de um processo histórico que começou nos tempos da escravidão no Brasil; simbolizam a resistência a diferentes formas de dominação e mantêm forte ligação com sua história e trajetória, preservando costumes e cultura trazidos por seus antepassados. As comunidades quilombolas compõem um conjunto maior de grupos sociais, o dos povos e comunidades tradicionais: “São segmentos culturalmente diferenciados, que se reconhecem como tais; possuem formas próprias de organização social, ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”. (Decreto nº 6.040/2007)

[10] Dispositivos de Informação e Comunicação não são instâncias neutras, mas, ao contrário, contam, narram, imprimem significados aos conteúdos ali apresentados. Assim, quando afirmamos que o conhecimento é resultante de ato intelectual do sujeito sobre as informações, transformando o “cru em cozido”, temos que considerar o papel essencial dos dispositivos no processo de significação da informação, de construção de conhecimento. Em outras palavras, para serem veiculados/ comunicados, os conhecimentos precisam ser coletados, organizados, ordenados e oferecidos sob diferentes suportes. Tais processos constroem dispositivos por meio de intervenções de diferentes ordens e naturezas que acabam por reconfigurar e ressignificar as informações ali armazenadas. Os dispositivos funcionam, assim, como espécie de filtros, sobrepondo significados aos significados disponibilizados. Assim, quando buscamos uma informação (signo = representação do real), estamos, na verdade, acessando dispositivos informacionais, instâncias responsáveis por sobrepor significados às informações/representações por eles guardados. (PIERUCCINI, 2008: 47)

[11] “Um mecanismo de intervenção sobre o real, que atua por meio de formas de organização estruturada, utilizando-se de recursos materiais, tecnológicos, simbólicos e relacionais, que atingem os comportamentos e condutas afetivas, cognitivas e comunicativas dos indivíduos. [Seus] efeitos ultrapassam os limites técnicos visíveis para tornarem-se, em nossa sociedade, instrumento da relação conosco, com os outros e com o mundo”. (PIERUCCINI, 2004: 42)

[12] Associações civis; populações tradicionais; comunidades locais de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, caiçaras, extrativistas, pescadores, agricultores familiares e catadores; assentados e reassentados em programas de reforma agrária; instituições de ensino superior e tecnológico; poderes públicos; empresas com políticas de responsabilidade social; sindicatos e centrais sindicais; cooperativas; movimentos populares.

[13] Mais de oitenta instituições (Ongs, associações comunitárias, movimentos sociais, cooperativas, universidades, centros de pesquisa, poder público e órgãos financiadores de CT&I) participaram da formulação do conceito de tecnologia social, definido como: “conjunto de técnicas e metodologias transformadoras, desenvolvidas e/ou aplicadas na interação com a população e apropriadas por ela, que representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida .”

[14] As interrogações da Infoeducação, por exemplo, dirigem-se não apenas aos modos de fazer, aos procedimentos implicados nos processos de apropriação simbólica; dirigem-se, sobretudo, às dinâmicas implicadas na construção das significações, aos sentidos da ordem cultural. Nesse aspecto, coloca os sujeitos em situação de protagonistas, de analistas conscientes das artimanhas do conhecimento, lançando-os, nas dimensões superiores do metaconhecimento. (PERROTTI & PIERUCCINI, 2008: 89).

[15] “Ensinar a buscar informação, a pesquisar, a desenvolver o espírito e a autonomia investigativos são aspectos centrais incluídos nos programas de educação para a informação. Sem tais competências e atitudes o sujeito não consegue apropriar-se das informações necessárias à construção do conhecimento, nem desenvolver atitudes de interesse em conhecer, mesmo se exposto aos diferentes produtos culturais. Disponibilizar, oferecer simplesmente o acesso às informações, funciona em quadros em que o domínio dos instrumentos do conhecimento pelos sujeitos já se efetivou. […] Sem estruturas socioculturais que lhe dê apoio, sem saber buscar informação, a maioria dos sujeitos perde-se nas tramas do conhecimento, sem condições de apropriar-se nem da memória, nem dos saberes de seu tempo. Está incapacitado, portanto, para inventar e projetar o futuro”. (PIERUCCINI, 2004: 11)

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