Antropologia, Apropriação de saberes, Bibliotecas Vivas, Informação e Memória, Mestres do saber oral, Pedagogia Griô, Tradição oral

Mestres do saber oral: a escuta poética da fala

Autoria: Edison Luís dos Santos | Universidade de São Paulo |  http://orcid.org/0000-0002-2488-9049

DOI: https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.162949

Resumo

Este artigo aborda o tema da memória como base do desenvolvimento das coletividades e dos indivíduos, operando na fronteira entre inclusão e exclusão, entre lembrança e esquecimento. A escuta sensível da fala pode ajudar-nos a restaurar o pensamento diante do inominável. A trama conceitual contempla o jogo de forças sociais, disputa de formas, possibilidades, arranjos e ordenamento do conhecimento, por meio de abordagem que perpassa pelo reconhecimento ontológico das bibliotecas vivas (Griôs); por sua contribuição pedagógica na “produção compartilhada de saberes” como solução de demandas por apropriação de memórias e circulação social de informações. Por meio da escuta e convívio com os mestres, experimenta-se uma nova relação com o saber, voluntária e coletiva, cuja materialização se dá no fazer prático (savoir-faire) por meio do qual os sujeitos do conhecimento aprendem a se informar, a conhecer o que é saber e fazer colaborativamente.

Palavras-chave: Cultura, Memória, Tradição Oral, Educação, Direitos Humanos

Disponível em: https://www.revistas.usp.br/extraprensa/article/view/162949/159255

Referências

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ZUMTHOR, Paul. Performance, recepção, leitura. São Paulo: Educ, 2000.

 

Arte, Capoeira, CEACA, Cidadania, Comunidades tradicionais, Cultura, Cultura afrobrasileira, Educação, Redes sociotécnicas, Tradição oral

Roda Pça. Elis Regina 2016

Desde 2016, sempre no terceiro domingo do mês, o CEACA realiza na Praça Elis Regina (Butantã) uma roda de capoeira. A roda acontece depois de uma vivência musical, com a participação de quem estiver passando pela praça, onde já acontece há mais de ano uma Feira tradicional, a Feira D’Elas; todos podem fazer parte da roda, mesmo que não tenha experiência com a prática da Capoeira.

E a roda, além de ser positiva para a comunidade, agrega grupos locais de capoeira, músicos e cantadores da região. São parceiros do projeto o coletivo SapéCapoeira, o Espaço Pé de Baraúna e o CEACA Butantã. Além de ampliar o acesso das pessoas à roda de capoeira, nesse dia teremos outras atrações culturais como:

11h – Abertura com Berimbando – grupo percussivo
11h30 – Roda de Capoeira
12h30 – Seu Durval do Coco
13h – Samba de Roda – mulheres, tragam suas saias para dançar.

Seguem algumas fotos registradas do que acontece durante a roda:

Fonte: Roda Pça. Elis Regina 2016

Acesso à informação, Amazônia, Capitalismo, Código florestal, Ciência da Informação, Cidadania, Circulação da informação, Cultura, Desenvolvimento Local Participativo, Diálogos interculturais, Direitos humanos, Ecologia, Educação, Movimento dos pescadores, Movimento negro, Movimentos Sociais, Política da informação, Questões indígenas, Quilombolas, Reforma agrária, Saúde Pública, Segurança Nutricional, Sustentabilidade socioambiental, Terras e Territórios

ENQUANTO O TREM NÃO PASSA: documentário sobre a mineração no Brasil

Prestes a ser votado o Novo Código de Mineração Brasileiro, a Mídia Ninja une-se aos movimentos sociais para dar voz aos atingidos pelos impactos e devastação da mineração, atividade econômica que cresceu 550% nos últimos 10 anos no país. O documentário foi gravado em três estados impactados pela atividade, ao longo dos últimos 2 meses: Maranhão, Pará e Minas Gerais.

“Enquanto o trem não passa” mostra um pouco da realidade de comunidades que têm seus direitos usurpados por grandes mineradoras e governo. Municípios cortados pela Ferrovia Carajás, Minerodutos, populações afetadas – não apenas pela tormenta de explosões constantes na extração do minério, mas também por toda a logística que muda o modo de viver e conviver nos territórios.

O objetivo da produção é alertar quem vive fora das áreas de atuação das mineradoras sobre o enorme impacto dessa atividade e o quanto o novo código proposto pelo Governo não traz salvaguardas sócio-ambientais, garantias ao meio ambiente e nem segurança aos quilombolas e povos indígenas. Os brasileiros sofrerão, ao longo das próximas décadas, com a escassez de água, pois rios e nascentes estão sendo drenados pelas mineradoras. Só em 2012 a mineração consumiu 52 bilhões de litros de água, o suficiente para abastecer por dois anos a cidade de Niterói (RJ).

Todo conteúdo está sob licença Creative Commons, para livre uso e distribuição.

Edição por www.fb.com/12PmPhotographic

Cidadania, Educação, Estação Memória Cambury, História geral da África, Infoeducação quilombola, Informação e Memória, Informação em Saúde, Mediação da informação, Memória, Movimento dos pescadores, Movimento negro, população negra, Quilombos, Saúde Pública, Terras e Territórios

Sr. Genésio completa hoje 86 anos

Amanhã é um dia histórico – 86 anos do Sr. Genésio dos Santos – Vamos divulgar o aniversário do Sr. Genésio do Cambury: gostaríamos que ele recebesse de presente maior atenção da saúde pública do município – geriatria e acessibilidade, conforme determina o Estatuto do Idoso.http://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/protagonistas/sr-genesio-dos-santos-a-memoria-viva-de-cambury-esquecida/

Sr. Genésio.

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Estado que mata: criança morre de meningite no Cambury

Luciana Cruz, filha de D. Cremilda e Sr. Salustiano morreu de meningite dia 21 de janeiro. Outras pessoas da comunidade estão ameaçadas.
Luciana Cruz, filha de D. Cremilda e Sr. Salustiano morreu de meningite dia 21 de janeiro. Outras pessoas da comunidade estão ameaçadas.
Tristeza e Luto no Quilombo de Cambury
A pequena Luciana Cruz, filha de Dona Catarina e Sr. Salustiano FALECEU na segunda-feira (21.jan), vítima de meningite. A comunidade de Cambury está triste e desconsolada. Luciana foi a protagonista que mais se destacou nas Oficinas de Memória e Xilogravura em 2012. http://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/2013/01/22/miseria-da-saude-publica-em-ubatuba-cambury-esta-de-luto/

Acessibilidade, Direitos humanos, Memória, Movimento negro, população negra

Passados 3 anos, Comunidade de Camburi ainda continua sem PONTES

FAZ QUASE TRÊS ANOS QUE A COMUNIDADE RECLAMA DO PODER PÚBLICO A CONSTRUÇÃO DE PONTES NA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE CAMBURY

A Associação dos Moradores Caiçaras (AMBAÇA) e a Associação dos Quilombolas de Cambury, em UBATUBA, litoral norte, reclama desde 2009 para que providências sejam tomadas quanto a ACESSIBILIDADE de idosos e crianças.

No Réveillon (31.12.2009) os moradores do Quilombo de Cambury em Ubatuba ficaram desamparados em razão dos estragos promovidos pelas enchentes na região. Na virada do ano, um casal morreu na praia de Camburi, quando tentava atravessar a precária ponte de madeira que separa o Quilombo da região da praia. Os dois jovens foram arrastados pela correnteza e amanheceram mortos no dia seguinte (01.01.2010). Segundo o quilombola Alcides, a tristeza tomou conta da comunidade, pois a comunidade depende da visitação dos turistas para ampliarem a fonte de renda. Agora, os quilombolas ficaram ainda mais isolados…

Além da falta de acessibilidade para idosos e crianças, Sr. Genésio reclama de outros serviços de infraestrutura, estrada, saneamento, telefones comunitários e aumento na oferta de horários de ônibus, ou o pessoal pensa que ninguém precisa trabalhar e estudar em Cambury?

A construção de PONTES seria a solução para os transtornos que estão vivendo, principalmente os IDOSOS e as CRIANÇAS, conforme desabafou o ancião da comunidade, Sr. Genésio, com 83 anos à época, um dos quilombolas mais antigos de Camburi. Hoje ele tem 85 anos e é CADEIRANTE, pessoa com deficiência fisica (locomotora e visual).

Saiba mais sobre sr. Genésio dos Santos – BIBLIOTECA VIVA DE CAMBURY

http://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/protagonistas/sr-genesio-dos-santos-a-memoria-viva-de-cambury-esquecida/

Pouca atenção tem sido dedicada ao segmento dos IDOSOS e das CRIANÇAS que moram no Quilombo, que continuam carecendo de TRÊS PONTES na comunidade, meio de travessia de um ponto a outro. As vezes as crianças deixam de ir à escola, principalmente quando aumenta o nível do rio que desagua no mar. Idosos (negros e caiçaras) estão impossibilitados de locomoção.

O poder público parece desdenhar a situação, que se arrasta por longo tempo. Para os moradores, não há garantia mínima de acessibilidade, nem garantia do direito humano fundamental de ir e vir.

Em pelo menos 3 (três) locais ao longo do rio há dificuldades para a travessia.

Há necessidade urgente de construção de 3 (três) pontes a fim de garantir o direito fundamental de IR e VIR. Orçamentos já foram feitos, mas nada de contrução das pontes até agora.

Queremos atravessar, mas não podemos

A história se repete: As eleições se aproximam e os moradores não aguentam mais receber promessas…
Quem mora em Cambury reclama já estar cansado da verbiagem oca dos que apenas se aproveitam de sua vulnerabilidade. Que fazem apenas FUZARCA!!!

O objetivo deste post é divulgar amplamente o (des)caso nas redes sociais e nos circuitos dinâmicos da Internet, a fim de solucionar a questão. Como cidadão paulistano, amigo e parente próximo das referidas comunidades, empenho-me em colaborar com os moradores, encaminhando o problema, para averiguação e providências.

As Comunidades aguardam Solução!!!

Ass.: Edison Santos, consultor técnico do ITS Brasil e pós-graduando em Ciência da Informação na ECA-USP.

Políticas Nacionais, Programa de Aquisição de Alimentos, Programa Nacional de Alimentação Escolar, Reforma agrária, sustentabilidade, Terras e Territórios

Carta de Belém lança documento sobre Redd e Pagamento por Serviços Ambientais

Mais de 30 organizações e movimentos sociais do Brasil, reunidas no Grupo Carta de Belém, lançaram no dia 19/03 o documento “Quem ganha e quem perde com o Redd e Pagamento por Serviços Ambientais?”. Como o título indica, a publicação aborda os mecanismos que estão sendo regulamentados no país que podem gerar a mercantilização generalizada da natureza e tornar os agricultores familiares, povos indígenas e de comunidades tradicionais meros “fornecedores ou prestadores de serviços ambientais” para as grandes empresas poluidoras e agentes do desmatamento, como o agronegócio. A iniciativa é resultado do seminário “Redd+ e Pagamento por Serviços Ambientais x Bens Comuns”, realizado em novembro de 2011.

Segundo o estudo, há um processo de reformas legais e políticas que tramita em ritmo acelerado com a intenção de adequar ou legalizar o avanço do capital sobre terras e recursos. Exemplo prático desse movimento, de acordo com a publicação, é o novo Código Florestal e a Política Nacional sobre Mudança Climática. “Aquele que compra o “título verde” não só fica autorizado a continuar produzindo degradação e poluição, como lucra com a especulação destes novos ativos florestais no mercado financeiro”, afirma um trecho do documento.

O documento também elenca alternativas ao modelo vigente de exploração da natureza, entre elas a efetivação de políticas públicas para Reforma Agrária Sustentável, vinculada à política agrícola; apoio efetivo à produção e comercialização da produção dos territórios, com incremento de ações como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), ainda aplicadas de forma limitada; como também a concretização de políticas que considerem os territórios como sistemas integrados, que garantam acesso aos serviços essenciais e reconheçam a posse definitiva das comunidades e povos sobre seus territórios.

Sobre o Grupo Carta de Belém

O Grupo Carta de Belém se constitui em 2009, a partir do seminário “Clima e Floresta – Redd e mecanismos de mercado como solução para a Amazônia?”, realizado em Belém (PA). Como resultado do evento, os participantes lançaram uma carta se manifestando contrários aos mecanismos de Redd (Redução por Emissões por Desmatamento e Degradação) como solução à crise climática.

Fazem parte da articulação a Terra de Direitos, Amigos da Terra Brasil, CUT, FASE, FETRAF, FAOR, Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, INESC, Jubileu Sul Brasil, Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais, e Via Campesina.

Clique aqui para acessar o documento

 

Movimento negro, Movimentos Sociais, população negra, Terras e Territórios

Quilombo Rio dos Macacos resiste a cerco policial

O Quilombo Rio dos Macacos, uma das comunidades mais antigas de descendentes de escravos no Brasil, despertou na manhã de domingo, dia 4 de março, sob ameaça de despejo e cercada pela polícia militar. A ordem de reintegração de posse das suas terras, no estado da Bahia, onde vivem mais de 50 famílias, está a ser feita pela Marinha do Brasil e tinha data marcada para este domingo, conforme o Global Voices reportou a 21 de fevereiro.

No entanto, numa audiência realizada a 27 de fevereiro com o Governo Federal, ficou garantido em nota oficial que o despejo seria suspenso por cinco meses, até a conclusão do Relatório Técnico de Identificação e Delimitação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

“O Artigo 68 da Constituição de 1988 e o Decreto 4887/2003, garantem os direitos da ocupação secular da Comunidade”, explica a socióloga e Presidente do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra na Bahia, Vilma Reis, uma das primeiras a reagir publicamente na manhã de dia 4 para anunciar o cerco policial:

Marcada para a hoje, 04.03.2012, e suspensa por ação da Presidência da Republica (Secretaria Geral, SEPPIR [Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial] e FCP [Fundação Cultural Palmares]), a tomada do Território do Quilombo Rio dos Macacos está neste momento vivendo uma grande tensão, pois neste momento já tem mais de 03 caminhões de fuzilheiros dentro da Comunidade, cada um com cerca de 80 homens, do lado de fora tem os militares da Bahia (que não podem entrar) e 01 trator posicionado no portão da Vila Naval, área tomada da comunidade há 42 anos atrás.

O acampamento de Ondina do movimento Ocupa Salvador, após recepção de pedido de ajuda enviado por dois ativistas que se encontravam no local,  rapidamente criou um evento no Facebook com uma chamada à ocupação solidária do Quilombo. Na plataforma foi partilhado um mapa que indica como chegar à comunidade, e foram sendo actualizadas informações ao longo do dia.

O Quilombo Rio dos Macacos, uma das comunidades mais antigas de    descendentes de escravos no Brasil, despertou na manhã de domingo, dia    4 de março, sob ameaça de despejo e cercada pela polícia militar.

“A presença de pessoas solidárias ao Quilombo do Rio dos Macacos foi fundamental para que a Marinha recuasse e retirasse de cena os três caminhões com fuzileiros navais e um trator da área do quilombo”, anunciou o blog Bahia na Rede, republicando depois o testemunho de uma das ativistas que respondeu à chamada e passou o dia na comunidade, juntamente com cerca de 300 outras pessoas de várias entidades e militantes do movimento negro, estudantes universitários e secundaristas, Poliana Rebouças, que resume os acontecimentos:

A mobilização começou com uma visita solidária feita por alguns grupos para levar alimentos para a comunidade, que esteve impedida pela marinha de pescar e plantar no local durante o período de ameaça de desocupação anteriormente. Ao chegar lá, este grupo encontrou tratores, policiais militares armados, além de camburões, o que indicava mais uma ameaça de desocupação. Os moradores relataram que foram ameaçados durante a madrugada e houve tiros e intimidações, através de pressão psicológica. A marinha impediu todo o grupo de entrar no quilombo, o que fez com que a maioria tivesse de entrar pelos fundos e depois tirar uma comissão para entrar no quilombo e levar a alimentação e checar a situação dos moradores. No início da tarde, a situação estava sob controle, contatos foram feitos com representantes do ministério da defesa que garantiram que não haverá desocupação em 5 meses, prazo dado aos moradores para que comprovem que são remanescentes de quilombo originário naquela região.

O mesmo blog indica que um testemunho não identificado da Marinha “disse que a presença das tropas ali era coincidência e manobra de rotina”. A jornalista Daniela Novais, do Câmara em Pauta, frisando a garantia dada pelo Governo Federal “que os direitos da comunidade serão preservados”, acrescenta:

A corporação [Marinha do Brasil] ainda não se pronunciou e se limitou a informar que enviaria nota através da assessoria de comunicação da corporação militar, quando tiver autorização para tal. Nós do Câmara em Pauta esperamos que o governo da Bahia interfira energicamente a fim de não repetir o episódio de violação de direitos humanos na reintegração de posse de Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo.

Juntamente com a jornalista – para quem o “Quilombo Rio dos Macacos [viveu] dia de Pinheirinho” – vários outros internautas fizeram menção à reintegração de posse do Pinheirinho, no estado de São Paulo, que tomou lugar a 22 de janeiro sob forte repressão policial, conforme reportado pelo Global Voices.

Sobre o que aguarda agora a comunidade, uma nota republicada por Sandra Martuscelli (@PersonalEscrito) no Twitter reflete o receio partilhado por muitos:

ninguém sabe o que pode acontecer depois que esse coletivo for desmobilizado, não há segurança em relação ao que vai acontecer hoje à noite, amanhã, durante a semana…

Está em circulação um abaixo-assinado pela manutenção da posse e titulação do Quilombo do Rio dos Macacos, que relembra os direitos das comunidades quilombolas consagrados na constituição, reforçando a reivindicação pela “demarcação, titulação e posse das terras ocupadas por remanescentes quilombolas, possibilitando a continuidade destas comunidades, que devem ser consideradas como a prova maior do símbolo de luta contra a escravidão, no passado, e o racismo, no presente”.

Fonte: URL:: http://pt.globalvoicesonline.org/2012/03/05/brasil-quilombo-rio-dos-macacos-policia/

Cinema, Direitos humanos

5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul

A 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul é uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira, patrocínio da Petrobras e apoio do SESC-SP, da TV Brasil e do Ministério das Relações Exteriores. Com todas as sessões gratuitas, sempre em salas acessíveis para pessoas com deficiência, a Mostra é um convite ao olhar e à sensibilidade cinematográficos, que traduzem temas atuais de Direitos Humanos e despertam a reflexão e a construção de identidades na diversidade.

Participe você também desta edição comemorativa!

Saiba mais – 5ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América Latina

Em 2010, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul completa cinco anos. Criada em 2006 para celebrar o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos a Mostra vem se firmando como um espaço de reflexão, inspiração e promoção do respeito à dignidade intrínseca da pessoa humana.

Quando: 8 de novembro a 19 de dezembro, em vinte capitais brasileiras

Confiram a programação em sua cidade e divulguem: www.cinedireitoshumanos.org.br

PROGRAMAÇÃO – SP

São Paulo 19-25 novembro 2010

ENTRADA FRANCA

19/11 – SEXTA-FEIRA

CineSESC
21h – Sessão de Abertura
ABUTRES – Pablo Trapero (Argentina/ Chile/ França/ Coréia do Sul, 107 min, 2010, fic)
Classificação indicativa: 16 anos

20/11 – Sábado

Cinemateca Brasileira
17h
ABUTRES – Pablo Trapero (Argentina/ Chile/ França/ Coréia do Sul, 107 min, 2010, fic)
Classificação indicativa: 16 anos

19h
Conversa com Ricardo Darín

21h
KAMCHATKA – Marcelo Piñeyro (Argentina/ Espanha/ Itália, 103 min, 2002, fic)
Classificação indicativa: livre
CineSESC

14h30
DIAS DE GREVE – Adirley Queirós (Brasil, 24 min, 2009, doc)
PARAÍSO – Hector Galvez (Peru/ Alemanha/ Espanha, 91 min, 2009, fic)
Classificação indicativa: 12 anos

16h30
GROELÂNDIA – Rafael Figueiredo (Brasil, 17 min, 2009, fic)
MUNDO ALAS – León Gieco, Fernando Molnar, Sebastián Schindel (Argentina, 89 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

18h30
A BATALHA DO CHILE II – O GOLPE DE ESTADO – Patricio Guzmán (Chile/ Cuba/ Venezuela/ França, 90 min, 1975, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

20h30
CARNAVAL DOS DEUSES – Tata Amaral (Brasil, 9 min, 2010, fic)
MEU COMPANHEIRO – Juan Darío Almagro (Argentina, 25 min, 2010, doc)
LEITE E FERRO – Claudia Priscilla (Brasil, 72 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 16 anos

21/11 – DOMINGO

Cinemateca Brasileira
18h
MARIBEL – Yerko Ravlic (Chile, 18 min, 2009, fic)
O QUARTO DE LEO – Enrique Buchichio (Uruguai/ Argentina, 95 min, 2009, fic)
Classificação indicativa: 14 anos

20h
A CASA DOS MORTOS – Debora Diniz (Brasil, 24 min, 2009, doc)
CLAUDIA – Marcel Gonnet Wainmayer (Argentina, 76 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 14 anos

CineSESC
14h30
ALOHA – Paula Luana Maia , Nildo Ferreira (Brasil, 15 min, 2010, doc)
AVÓS – Michael Wahrmann (Brasil, 12 min, 2009, fic)
CINEMA DE GUERRILHA – Evaldo Mocarzel (Brasil, 72 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

16h30
A HISTÓRIA OFICIAL – Luis Puenzo (Argentina, 114 min, 1985, fic)
Classificação indicativa: 12 anos

18h30
O FILHO DA NOIVA – Juan José Campanella (Argentina/ Espanha, 124 min, 2001, fic)
Classificação indicativa: livre

20h30
VLADO, 30 ANOS DEPOIS – João Batista de Andrade (Brasil, 85 min, 2005, doc)
Classificação indicativa: 14 anos

22/11 – SEGUNDA-FEIRA

Cinemateca Brasileira
16h – Audiodescrição
AVÓS – Michael Wahrmann (Brasil, 12 min, 2009, fic)
ALOHA – Paula Luana Maia, Nildo Ferreira (Brasil, 15 min, 2010, doc)
CARRETO – Marília Hughes, Claudio Marques (Brasil, 12 min, 2009, fic)
EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO – Daniel Ribeiro (Brasil, 17 min, 2010, fic)
* Sessão com audiodescrição para público com deficiência visual.
Classificação indicativa: 12 anos

18h
ALOHA – Paula Luana Maia / Nildo Ferreira (Brasil, 15 min, 2010, doc)
AVÓS – Michael Wahrmann (Brasil, 12 min, 2009, fic)
CINEMA DE GUERRILHA – Evaldo Mocarzel (Brasil, 72 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

20h
A VERDADE SOTERRADA – Miguel Vassy (Uruguai/ Brasil, 56 min, 2009, doc)
ROSITA NÃO SE DESLOCA – Alessandro Acito, Leonardo Valderrama (Colômbia/ Itália, 52 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

CineSESC
14h30
MÃOS DE OUTUBRO – Vitor Souza Lima (Brasil, 20 min, 2009, doc)
JURUNA, O ESPÍRITO DA FLORESTA – Armando Lacerda (Brasil, 86 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

16h30
O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS – Cao Hamburger (Brasil, 110 min, 2006, fic)
Classificação indicativa: 10 anos

18h30
ENSAIO DE CINEMA – Allan Ribeiro (Brasil, 15 min, 2009, fic)
108 – Renate Costa (Paraguai/ Espanha, 93 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

23/11 – TERÇA-FEIRA

Cinemateca Brasileira
18h
DOIS MUNDOS – Thereza Jessouroun (Brasil, 15 min, 2009, doc)
AMÉRICA TEM ALMA – Carlos Azpurua (Bolívia/ Venezuela, 70 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

20h
DIAS DE GREVE – Adirley Queirós (Brasil, 24 min, 2009, doc)
PARAÍSO – Héctor Gálvez (Peru/ Alemanha/ Espanha, 91 min, 2009, fic)
Classificação indicativa: 12 anos

CineSESC
14h30
A CASA DOS MORTOS – Débora Diniz (Brasil, 24 min, 2009, doc)
CLAUDIA – Marcel Gonnet Wainmayer (Argentina, 76 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 14 anos

16h30
KAMCHATKA – Marcelo Piñeyro (Argentina/ Espanha/ Itália, 103 min, 2002, fic)
Classificação indicativa: livre

18h30
VIDAS DESLOCADAS – João Marcelo Gomes (Brasil, 13 min, 2009, doc)
PERDÃO, MISTER FIEL – Jorge Oliveira (Brasil, 95 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 14 anos

24/11 – QUARTA-FEIRA

Cinemateca Brasileira
19h
GROELÂNDIA – Rafael Figueiredo (Brasil, 17 min, 2009, fic)
MUNDO ALAS – León Gieco, Fernando Molnar, Sebastián Schindel (Argentina, 89 min, 2009, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

CineSESC
14h30
MARIBEL – Yerko Ravlik (Chile, 18 min, 2009, fic)
O QUARTO DE LEO – Henrique Buchichio (Uruguai/ Argentina, 95 min, 2009, fic)
Classificação indicativa: 14 anos

16h30
HALO – Martín Klein (Uruguai, 4 min, 2009, fic)
ANDRÉS NÃO QUER DORMIR A SESTA – Daniel Bustamante (Argentina, 108 min, 2009, fic)
Classificação indicativa: 12 anos

18h30
XXY – Lúcia Puenzo (Argentina/ França/ Espanha, 86 min, 2006, fic)
Classificação indicativa: 16 anos

25/11 – QUINTA-FEIRA

Cinemateca Brasileira
18h – Audiodescrição
PRA FRENTE BRASIL – Roberto Farias (Brasil, 105 min, 1982, fic)
* Sessão com audiodescrição para público com deficiência visual.
Classificação indicativa: 14 anos

20h
A BATALHA DO CHILE II – O GOLPE DE ESTADO – Patricio Guzmán (Chile/ Cuba/ Venezuela/ França, 90 min, 1975, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

CineSESC
14h30
CARRETO – Marília Hughes, Claudio Marques (Brasil, 12 min, 2009, fic)
BAILÃO – Marcelo Caetano (Brasil, 17 min, 2009, doc)
DEFENSA 1464 – David Rubio (Equador/ Argentina, 68 min, 2010, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

16h30
HÉRCULES 56 – Silvio Da-Rin (Brasil, 94 min, 2006, doc)
Classificação indicativa: 12 anos
18h30
EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO – Daniel Ribeiro (Brasil, 17 min, 2010, fic)
IMAGEM FINAL – Andrés Habegger (Argentina, 94 min, 2008, doc)
Classificação indicativa: 12 anos

Fonte: http://www.cinedireitoshumanos.org.br/2010/saopaulo.php

Movimento negro, Quilombolas

Quilombola é barbaramente assassinado no Maranhão

Por racismoambiental, 01/11/2010 17:46
por Luis Antonio Pedrosa

Na noite do sábado, dia 30, foi assassinado FLAVIANO, conhecida liderança do povoado quilombola Charco, em São Vicente de Férrer. Flaviano foi o grande articulador da resistência dos quilombolas contra o fazendeiro e um incansável operador para a agilização dos processos.

Atendi FLAVIANO ano passado, diante de uma situação fundiária quase definida, quando cerca de 120 policiais militares preparavam-se para efetuar o despejo da comunidade. Organizamos juntos o ajuizamento de uma nova ação possessória, fazendo figurar no pólo ativo da ação as legítimas herdeiras dos ex-escravos da localidade. Obtivemos êxito, com a supensão do despejo.

A tramitação lenta do processo de titulação quilombola exigia a presença frequente de FLAVIANO em São Luís. Na semana passada mesmo esteve na FETAEMA, sempre angustiado, buscando agilizar o processo que envolve a sua comunidade. Foi morto, por dois homens, quando se encontrava em um bar, à margem da BR 014. Foi atingido por sete tiros de pistola. Os assassinos fugiram em um carro e uma moto, mas não houve o registro das placas. A comunidade está aterrorizada.

Quase ao mesmo tempo, recebo a notícia preocupante de que JOSELI, liderança do povoado Quebra-Pote, em São Luís, também está sendo ameaçado de morte. Nesta semana vamos nos unir em torno destas questões, para evitar o pior.

Enviado por Fórum Carajás – http://racismoambiental.net.br/2010/11/quilombola-assassinado-no-maranhao/