Autoria: Edison Luís dos Santos | Universidade de São Paulo | http://orcid.org/0000-0002-2488-9049
DOI: https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.162949
Resumo
Este artigo aborda o tema da memória como base do desenvolvimento das coletividades e dos indivíduos, operando na fronteira entre inclusão e exclusão, entre lembrança e esquecimento. A escuta sensível da fala pode ajudar-nos a restaurar o pensamento diante do inominável. A trama conceitual contempla o jogo de forças sociais, disputa de formas, possibilidades, arranjos e ordenamento do conhecimento, por meio de abordagem que perpassa pelo reconhecimento ontológico das bibliotecas vivas (Griôs); por sua contribuição pedagógica na “produção compartilhada de saberes” como solução de demandas por apropriação de memórias e circulação social de informações. Por meio da escuta e convívio com os mestres, experimenta-se uma nova relação com o saber, voluntária e coletiva, cuja materialização se dá no fazer prático (savoir-faire) por meio do qual os sujeitos do conhecimento aprendem a se informar, a conhecer o que é saber e fazer colaborativamente.
Palavras-chave: Cultura, Memória, Tradição Oral, Educação, Direitos Humanos
Disponível em: https://www.revistas.usp.br/extraprensa/article/view/162949/159255
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