Antropologia, Apropriação de saberes, Bibliotecas Vivas, Informação e Memória, Mestres do saber oral, Pedagogia Griô, Tradição oral

Mestres do saber oral: a escuta poética da fala

Autoria: Edison Luís dos Santos | Universidade de São Paulo |  http://orcid.org/0000-0002-2488-9049

DOI: https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.162949

Resumo

Este artigo aborda o tema da memória como base do desenvolvimento das coletividades e dos indivíduos, operando na fronteira entre inclusão e exclusão, entre lembrança e esquecimento. A escuta sensível da fala pode ajudar-nos a restaurar o pensamento diante do inominável. A trama conceitual contempla o jogo de forças sociais, disputa de formas, possibilidades, arranjos e ordenamento do conhecimento, por meio de abordagem que perpassa pelo reconhecimento ontológico das bibliotecas vivas (Griôs); por sua contribuição pedagógica na “produção compartilhada de saberes” como solução de demandas por apropriação de memórias e circulação social de informações. Por meio da escuta e convívio com os mestres, experimenta-se uma nova relação com o saber, voluntária e coletiva, cuja materialização se dá no fazer prático (savoir-faire) por meio do qual os sujeitos do conhecimento aprendem a se informar, a conhecer o que é saber e fazer colaborativamente.

Palavras-chave: Cultura, Memória, Tradição Oral, Educação, Direitos Humanos

Disponível em: https://www.revistas.usp.br/extraprensa/article/view/162949/159255

Referências

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Apropriação de saberes, África, Capoeira, CEACA, Ciência da Informação, Comunidades tradicionais, Cultura afrobrasileira, Cultura e Informação, Educação, Epistemologia, Informação e Memória, Memória, Oralidade, Orixás, Pedagogia Griô, população negra, Tradição oral

A esfera de saberes dos mestres da tradição oral

“Uma lenda balinesa fala de um longínquo lugar, nas montanhas, onde outrora se sacrificavam os velhos. Com o tempo não restou nenhuma avô que contasse as tradições para os netos. A lembrança das tradições se perdeu. Um dia quiseram construir um salão de paredes de tronco para a sede do Conselho. Diante dos troncos abatidos e já desgalhados os construtores viam-se perplexos. Quem diria onde estava a base para ser enterrada e o alto que serviria de apoio para o teto? Nenhum deles poderia responder: há muitos anos não se levantavam construções de grande porte, e eles tinham perdido a experiência. Um velho que havia sido escondido pelo neto, aparece e ensina a comunidade a distinguir a base e o cimo dos troncos. Nunca mais um velho foi sacrificado.” (Ecléa Bosi, 1994, p. 76-77)

Prezados leitores da Clínica do Texto!

Acaba de ser publicado artigo de minha autoria no qual destaco a importância da esfera de saberes dos mestres da tradição oral, em especial, Mestre Alcides Tserewaptu, Mestre Durval do Coco e Mestre Dorival dos Santos. O texto fala das bibliotecas vivas, dos mestres do saber oral, donos da voz, do encanto e do feitiço.

O artigo “MEMÓRIA, INFORMAÇÃO E ENCANTO A ESFERA DE SABERES ENTRE OS MESTRES DA TRADIÇÃO ORAL” é de uma riqueza conceitual, epistemológica e poética que faz gosto em sua leitura. O autor conseguiu colocar para conversar os nossos conversadores/faladores/transeuntes da língua… São os guardiões das tradições populares brasileiras. E dessa roda de conversa, ora de capoeira, ora de samba do recôncavo, saíram cortejos de corpos que existem e persistem pela oralidade. O que está escrito, grafado e desenhado no papel está, ao mesmo tempo, marcado na fala que parece farfalhar na memória das palavras que vão ficando para trás na leitura.

A organização do texto segue uma cadência que permite acompanhar todo passo a passo e os procedimentos metodológicos que foram adotados pela pesquisa. Há trechos verdadeiramente poéticos nos entremeios do discurso. Despontam como lanceiros ou puxadores de rede nas pausas em que o griô respira, ou quando silencia o Mestre capoeirista. Ali adentram Limas, Costas, Pachecos, Geertz, Bosis e Bâs e a prosa versada é costurada no linguajar das palavras que ecoam pelo vento, pela memória, pelo tempo e pelas novas formas de comunicação contemporâneas.

O autor nos aponta estratégias metodológicas de abordagem no conjunto das tradições orais, tendo como principal via a capoeira, que através da cultura tentam reconectar sujeitos a perceberem a presença das ancestralidades nas manifestações de matrizes africanas. O diálogo traçado com as percepções teóricas de Paulo Freire e José Pacheco constrói uma compreensão, na qual, a capoeira exerce sua escrita no corpo e que a oralidade não é acionada somente com algo complementar a educação formal, mas sim, apresenta princípios próprios de ser no mundo. (Renato Mendonça Barreto da Silva)

Disponível para download em: http://abpnrevista.org.br/revista/index.php/revistaabpn1/article/view/735

Divulgação científica
Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), [S.l.], v. 11, n. Edição Especial, p. 130-154, out. 2019.
Referência básica

SANTOS, Edison Luís dos. Veredas da informação em culturas de tradição oral: a esfera encantada das bibliotecas vivas. 2018. Tese (Doutorado em Cultura e Informação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. doi:10.11606/T.27.2018.tde-02102018-163618. Acesso em: 2019-11-07. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27151/tde-02102018-163618/pt-br.php

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Imaginário e Literatura: livros que valorizam a cultura brasileira e africana

Conheça mais sobre essa cultura tão presente no nosso imaginário

 

Literaturas que valorizam a diversidade étnica e cultural afro-brasileira e africana são uma ótima alternativa para abordar os conteúdos exigidos pela lei 10.639, que obriga o ensino da “História e Cultura afro-brasileira e africana” nas escolas de Ensino Fundamental e Médio das redes pública e privada de todo Brasil.

Veja 14 dicas de livros recomendados para pais, filhos e professores sobre o tema. Confira também o índice de autores negros do Literafro, portal de estudos de literatura afro-brasileira da Universidade Federal de Minas Gerais.

Para ler, clique nos itens abaixo:

1. Menina Bonita do Laço de Fita – Ana Maria Machado
A autora coloca em cena, através da história de um coelho branco que se apaixona por uma menina negra, alguns assuntos muito debatidos nos dias de hoje, como a auto-estima das crianças negras e a igualdade racial.
2. Luana, A Menina Que Viu O Brasil Neném – Oswaldo Faustino, Arthur Garcia e Aroldo Macedo
O livro conta a história de Luana, uma menina de 8 anos que adora lutar capoeira, e a historia do descobrimento do Brasil. Ao lado de seu berimbau mágico, ela leva o leitor a outras épocas e lugares e mostra o quão rica é a cultura brasileira, além da importância das diferentes etnias existentes por aqui.
3. O Menino Marrom – Ziraldo
O Menino Marrom conta a historia da amizade entre dois meninos, um negro e um branco. Através da convivência aventureira dessas crianças ao longo de suas vidas, o autor pontua as diferenças humanas, realçando os preconceitos em alguns momentos.
4. Lendas da África – Júlio Emílio Brás
O livro mostra fábulas tipicamente africanas para leitores de todo mundo. Nas histórias, o autor mostra um pouco do folclore africano, além de passar valores do “tempo em que os animais ainda falavam” para as crianças.
5. Terra Sonâmbula – Mia Couto
Primeiro livro do autor africano, Terra Sonâmbula foi considerado um dos doze melhores romances do continente no século 20. Numa estória emocionante sobre o encontro de um menino sem memória e um velhinho meio perdido pelo mundo, Mia Couto mistura símbolos tradicionais da cultura e da história moçambicana.
6. Meu avô um escriba – Oscar Guelli
A história se passa na África, mais precisamente no Egito. O pequeno Tatu é neto de um escriba. A convivência com o avô permitirá ao menino aprender cálculos, a ter contato com tradições mais antigas de seu país e a se preparar para também ser um escriba um dia.
7. O Cabelo de Lelê – Valéria Belém
Lelê é uma linda menininha negra, que não gosta do seu cabelo cheio de cachinhos. Um dia, através de um fantástico livro, começa a entender melhor a origem de seu cabelo e, assim, passa a valorizar o seu tipo de beleza.
8. A varanda Do Frangipani – Mia Couto
O romance policial moçambicano é marcado por palavras criadas pelo próprio autor, nascido no país onde se passa a trama. A história conta sobre o violento colonialismo em Moçambique e a superação do país a partir dessa cicatriz histórica.
9. Bia na África – Ricardo Dregher
O livro é parte da coleção “Viagens de Bia”. Nessa estória, Bia viaja por diferentes países da África, como Egito, Quênia e Angola. Na aventura, a garotinha conhece, entre outras curiosidades, a história do povo árabe e dos nossos antepassados negros, que vieram como escravos da África para o Brasil há muitos anos.
10. Avódezanove e o segredo do soviético – Ondjaki
Em Luanda, capital da Angola, África, as obras de um mausoléu realizadas por soldados soviéticos ameaçam desalojar morados da PraiaDoBispo, bairro da região. As crianças do bairro percebem as mudanças com olhares desconfiados. Talvez elas sejam as primeiras a perceber que a presença dos soldados soviéticos significa mais do que uma simples reforma espacial.
11. Tudo Bem Ser Diferente – Todd Parr
A obra ensina as crianças a cultivar a paz e os bons sentimentos. O autor lida com as diferenças entre as pessoas de uma maneira divertida e simples, abordando assuntos que deixam os adultos sem resposta, como adoção, separação de pais, deficiências físicas e preconceitos raciais.
12. Diversidade – Tatiana Belinky
O livro mostra, através de versos, porque é importante sermos todos diferentes. A autora fala que não basta reconhecer que as pessoas não são iguais, é preciso saber respeitar as diferenças.
13. Num tronco de Iroko vi a Iúna cantar – Erika Balbino
Acompanhando as aventuras dos irmãos Cosme, Damião e Doum e seus amigos, os leitores entram em uma jornada que revela a relação do corpo com a música e aproxima as crianças da capoeira por meio de figuras lendárias das religiões de matriz africana. Além do enredo e das ilustrações do grafiteiro Alexandre Keto, um CD com a narração da história pela própria autora e cheio de cantos de capoeira e de Umbanda valorizam ainda mais essa luta, que é apresentada como dança, arte e jogo também.
14. Amanhecer Esmeralda – Ferréz
O livro conta a história da garota Manhã, negra, pobre e com grandes responsabilidades mesmo com tão pouca idade. Manhã tem sua vida transformada ao ganhar um vestido esmeralda de seu professor, que faz com que ela mude a forma como se vê e como vê o mundo ao seu redor.

Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/12-dicas-literatura-afro-brasileira-africana-729395.shtml

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Festa cultural: moqueca de bagre, viola, cavaco e orquestra!

Homenagem da Clínica do Texto & informação aos educadores e músicos populares que acreditam na magia transformadora da Arte na vida das pessoas.

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Galeria de imagens da festa cultural, 23 de novembro de 2013.

Ontem, dia 23 de novembro de 2013, realizamos uma maravilhosa Festa de Confraternização na casa dos amigos Valter Souza e Nilva Luz. No cardápio, saboreamos uma iguaria preparada pelo casal: Moqueca de Bagre – Um primor! Muita alegria, entusiasmo e energia positiva emanaram das improvisações musicais, danças, rodas e repentes que iluminaram a festa. Estiveram presentes artistas, músicos, poetas, compositores, violeiros, arte-educadores e amantes da cultura popular – um retrato metonímico da alma e cultura brasileiras – momentos inesquecíveis ao lado de Wilson Rocha E Silva, Vanessa Viotti, Estação Memória Camburi, Josevania Núñez Ibanhez, Bruna e Jean, Norberto e Silvia, entre outros.

Não faltou AXÉ, por isso compartilhamos com todos que gostam de música, arte e folia!

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Exposição de produtos – Xilogravuras e Desenhos – Quilombo do Cambury

Os produtos culturais do Cambury são criações que expressam ideias, valores, atitudes e criatividade artística e que falam de memória e informação sobre o presente, o passado e o futuro, de origem popular (xilogravura como artesanato), os quais não tem a finalidade de abastecer o mercado de consumo, mas expressar os frutos da APROPRIAÇÃO SOCIAL DE SABERES E FAZERES, cujo valor simbólico e imaterial extrapolam os limites locais.

Momento de confraternização, após a conclusão dos trabalhos de impressão das xilogravuras. Cardápio do Almoço: Rabada com legumes cozidos. 18.nov.2012.
Momento de confraternização, após a conclusão dos trabalhos de impressão das xilogravuras. Cardápio do Almoço: Rabada com legumes cozidos. 18.nov.2012.
Arca das Letras, Arte, Biblioteca Comunitária, Biblioteconomia, Ciência da Informação, Cidadania, Comunidades tradicionais, Cultura, Cursos e Oficinas, Direitos humanos, Educação, Estação Memória Cambury, História geral da África, Inclusão digital, Inclusão social, Infoeducação quilombola, Infoeducação quilombola, Informação e Memória, Mediação da informação, Memória, Movimento negro, Mulheres, Oficinas de Memória, Pedagogia, Quilombo Cambury, Quilombolas, Quilombos, Saúde Pública, Xilogravura

Luciana Cruz: protagonista do Cambury

Após o LUTO, vamos à LUTA. GALERIA DE ARTE DA JOVEM ARTISTA QUILOMBOLA LUCIANA CRUZ – http://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/protagonistas/luciana-cruz/

Luciana Cruz.

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Produtos culturais: Oficina de Memória e Xilogravura, Cambury

Ação cultural agita a semana de CONSCIÊNCIA NEGRA em Cambury

O mês de novembro foi bastante movimentado no espaço cultural do Quilombo do Cambury. Entre os dias 15 e 20 de novembro, aconteceu a Segunda Edição das OFICINAS DE MEMÓRIA E XILOGRAVURA, na Escolinha Jambeiro, localizada na sede da Associação Quilombola de Cambury – Ubatuba, SP.

As atividades pedagógicas foram preparadas com antecedência e fizeram parte de uma ação cultural mais ampla, com o intuito de comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra e a inauguração do novo espaço físico da Escolinha Jambeiro, que foi reformada com a ajuda e o entusiasmo de três jovens quilombolas (Ueliton, Alex e Vaguinho); a verba do MinC previa a renovação do telhado, a reforma da cozinha, acabamento e pintura novos.

As “Oficinas de Memória: Arte, Cultura e Informação” são práticas infoeducativas que visam a estimular a interação, o diálogo e a aprendizagem de novos saberes entre idosos e crianças. O evento, aberto ao público em geral, contou com a participação de vários educadores (Valter, Wilson, Renata, Otávio e Edison), que trocaram experiências e saberes com os jovens (quilombolas e caiçaras), visitantes e outros amigos da comunidade quilombola de Cambury.

O dia 15 de novembro foi reservado para a preparação do ESPAÇO INFOEDUCATIVO, organização de mesas, cadeiras, materiais pedagógicos, telão para projeção de audiovisual, lousa, mural de fotografias, livros, internet, entre outros recursos, que deveriam ficar à disposição dos participantes. Nesse mesmo dia, à tarde, o Sr. Salustiano (68 anos, pescador, agricultor e quilombola) gravou depoimento, contando algumas histórias, passagens de sua vida e outras curiosidades do tempo em que largou a roça para trabalhar na indústria da pesca. No dia 16 de novembro foi exibido o filme Canoa caiçara.

Assista o filme – http://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/historia/fazendo-canoa/

Com dez anos de experiência na arte de fazer e de ensinar Xilogravura, o educador Valter Luz deu início às Oficinas, enfatizando a importância dos relatos orais dos idosos, os fazeres tradicionais, pesca, artesanato, casa de farinha, canoa caiçara etc., para em seguida dar início à Jornada Cultural, com a Oficina de desenho básico: http://estacaomemoriacamburi.wordpress.com/cursosoficinas/desenho/.

Oficina de xilogravura: gravação e impressão

Houve contação da história da xilogravura e apresentação dos materiais usados nesta técnica. Os participantes foram orientados a buscar inspiração nas referências locais: paisagens, fauna, flora, seres humanos em suas ações e objetos que manipulam, utilizando as noções de desenho básico, desenvolvidas na oficina anterior. Mais detalhes da Oficina de Xilogravura podem ser obtidos nos links:

  • Galeria de imagens: registros visuais – (em breve)

Diálogo com a música: construindo instrumentos a partir de materiais recicláveis

Aconteceu a atividade, e as crianças participaram, embora fossem poucas. Embora pareça desimportante, a construção do Kazu, um brinquedo simples, de garrafa pet e saco plástico, tem importância e simbologia marcantes: por um lado se lida com o reaproveitamento de materiais descartados; por outro, remete aos sons da boca: fala, expressão, opinião. Indicadores disso foram a timidez, a princípio: as crianças e os jovens ficaram acanhadas para tirar sons quando estavam perto de nós e dos (das) colegas, mas em casa, ou sozinhas, aventuraram, aprenderam, e, melhor: voltaram para dar retorno, mostrar que aprenderam. Num próximo encontro podemos mostrar que é possível criar pequenas peças musicais, improvisando, com os Kazus, sonoridades que constroem músicas experimentais muito ricas. Mas o resultado será mais eficaz se nós, educadores, fizermos isso juntos, antes; pois, o maior aprendizado se dá sempre pelo exemplo. (relato de Wilson Rocha, músico e educador, 27.11.2012)

DEPOIMENTO

A visita ao Quilombo de Cambury foi muito importante: conheci um pouco a realidade daquela comunidade, desde o lado bom de viverem em plena natureza, até as dificuldades de falta de água e outros recursos, naturais, financeiros, e relativos a educação, saúde etc.

Achei importante haver ali a Escola Jambeiro, com toda uma estrutura de acesso à internet e aprendizado de informática, filmes, vídeos e discos à mancheia: não vi muitos livros, e isso é necessário. Proponho que na próxima visita façamos uma doação de livros, para a Escolinha Jambeiro ou diretamente para as famílias – ou para ambas.

Vamos pensar também na alfabetização. Mesmo que não seja possível a frequência de aulas, dá pra fazer instalações, afixar cartazes, atribuir/delegar atividades aos jovens que estudam, para que ajudem os demais a lerem. (Wilson Rocha, músico e educador)

Ao final dos trabalhos, houve a exposição dos produtos culturais: